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Projeto Direito ao Avesso

Direito ao Avesso. Como nos tornamos feministas? é um projeto em andamento no contexto da minha investigação em nível de doutoramento, realizado no Centro Social Auto-gerido A Gralha, na cidade do Porto, Portugal, deste 23 de fevereiro de 2022. Teve como inspiração muitas das conversas realizadas em rodas de mulheres no projeto Linha da Serra, realizado em 2018, em Guaramiranga, Ceará-Brasil, que por vezes nos traziam os bordados como trabalho de mulher, trabalho doméstico e mesmo a repulsa a ele, por achar que o trabalho em bordados era um trabalho sem valor social nem econômico. Todas essas inquietações foram guardadas, visto que apareciam como plano de fundo ao trabalho que estava a se realizar, mas considerado um importante conteúdo a ser aprofundado no momento oportuno. Eis que as rodas de conversa espontânea geradas em torno no ato de bordar voltam para o momento presente e, com as agulhas nas mãos, nos questionamos sobre a docilização do corpo feminino, sobre os estereótipos comportamentais associados às práticas de agulha e sobre a construção do gênero.

Este é um bordar no avesso. Para que o risco e as alinhas sejam vistos, há que se realizar um bordar na contraluz e, por consequência, nos exige uma nova adaptação do corpo, sair do conforto do fazer automatizado e conhecido.Bordar no avesso, ao mesmo tempo que se apresenta de forma performática, é um convite a se mostrar um lado que é escondido, que se tem vergonha quando não é perfeito, que nos apresenta o mapa dos erros, os nós que queríamos esconder. Aqui nos perguntamos os motivos pelos quais escondemos os nossos avessos e afirmamos o nosso direito a ele.

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